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Jornalismos possíveis, mundos possíveis: uma apresentação sobre o Observatório jornalismo(S)

A discussão que propomos passa ao largo de alguns conceitos que orientam sobremaneira o pensamento sobre jornalismo, já desde meados do século XX, geridos em muito a partir da perspectiva dos Estudos Culturais e de paradigmas comunicativos latino-americanos. Não porque duvidamos de sua relevância. A ideia aqui é mobilizar outras epistemologias (também, outras ontologias) para pensar o trabalho de tradução de mundos realizado pelos jornalistas. Trabalho este que faz proliferar jornalismos no plural, tecido como rede sociotécnica. Assim entendemos o que precipita desta prática profissional. A mirada aqui é a condução de uma epistemologia relacional, a partir da cosmologia dos povos ameríndios. Este é o nosso lugar de partida. Entendemos a epistemologia científica, objetivista, como construída, politicamente localizada. Inspirados pela Virada Ontológica, optamos assim por observar o jornalismo, esse filho da modernidade, a partir de outros modos de ser e estar no mundo, para além daqueles ensaiados no ocidente humanista. A fim de manter um local fértil onde essas discussões pudessem se dar, criamos o Observatório jornalismo(S), incubado no Grupo de Pesquisa Quintais: cultura da mídia, arte e política, do PPGCOM-Ufop. O Observatório surge como um projeto Pró-ativa, executado em 2019, e hoje o concebemos como um espaço desterritorializado de partilha de saberes sobre jornalismos possíveis, mundos possíveis. No Observatório jornalismo(S) o "s" maiúsculo ao fim do nome não deve passar despercebido. É onde lançamo-nos a imaginar jornalismos que traduzam mundos, sobretudo, a partir do encontro com a diferença (humanos e não humanos). Por fim, o Observatório é o local onde damos continuidade às respectivas pesquisas de doutorado: um imaginando um “Jornalismo de Perspectivas”, outro colocando o “Jornalismo em Equívoco”.

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Verbete: Jornalismo de Perspectivas (ou Jornalismo Xamânico)

O conceito propõe uma nova visada sobre a agência “jornalismo”: é, sobretudo, uma provocação teórica apadrinhada pela habilidade dos xamãs na cosmologia ameríndia. Trata-se de um experimento conceitual, nó de uma rede em curso, baseado no deslocamento transespecífico dos xamãs, ou seja, no modo como os mestres do esquematismo cósmico traduzem mundos. Dom ou trabalho – e também os dois ao mesmo tempo –, jornalistas e xamãs se encontram na labuta de traduzir o mundo aos demais membros de certo coletivo. Aos jornalistas, cabe a lógica cientificista: mais conheço quanto mais me afasto. Aos xamãs, a (des)lógica ameríndia: mais conheço quanto mais me aproximo. Como aproximar os dois, na bruteza reducionista de um conceito, o Jornalismo de Perspectivas (ou Jornalismo Xamânico)?

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Verbete: Jornalismo em Equívoco

O Jornalismo em Equívoco é uma proposta que parte de quatro pontos que emergiram observações empíricas: 1) o jornalismo é uma rede sociotécnica, precisa levar em conta tudo o que envolve, além dos humanos autorizados a produzir traduções legítimas de mundo; 2) portanto, é preciso estar atento não só às atividades dentro das redações (e aos jornalistas reconhecidos como jornalistas), mas a toda a rede de produção dos relatos, ampliando o escopo das pesquisas; 3) como rede sociotécnica, o jornalismo é o fluxo de agenciamentos e não as coisas em si, portanto, o conceito de jornalismo é temporário e muda; e 4) logo, o Jornalismo em Equívoco se apresenta como uma abordagem relacional que inventa conceitos e decanta conclusões a partir do desenho das relações entre os entes, e não a partir das suas nomeações no ponto inicial da pesquisa.

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Bibliografia "Jornalismos possíveis, mundos possíveis"

Bibliografia sobre a temática do verbete: ALBERT, Bruce; KOPENAWA, David. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo : Companhia das Letras, 2015. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. DELEUZE, Gilles. Controle e Devir. In:______. Conversações. Rio de Janeiro: editora 34, 2000. ______. Post-Scriptum sobre as sociedades de controle. In: ______. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34, 2000. DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, Outras culturas. Trad. Cecília Ciscato. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2016. DI FELICE, Massimo; PEREIRA, Eliete S. (Orgs.). Redes ecológicas e comunicativas indígenas: as contribuições dos povos originários à teoria da comunicação. São Paulo: Paulus - Coleção Comunicação, 2017. GUIMARÃES, Lara Linhalis. Uma invenção de jornalismo: ninjas, xamãs e outras perspectivas. Tese. Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura: UFRJ. Orientador: Renzo Romano Taddei. 2016. Disponível em: <http://www.pos.eco.ufrj.br/site/download.php?arquivo=upload/tese_lguimaraes_2016.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2020. KRENAK, Aílton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. LAIA, Evandro José Medeiros. O jornalismo em equívoco: sobre o telefone celular e a invenção diferenciante. Tese. Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura: UFRJ. Orientador: Renzo Romano Taddei. Co-orientador: Lambros Comitas. 2016. Disponível em: <http://www.pos.eco.ufrj.br/site/download.php?arquivo=upload/tese_elaia_2016.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2020. LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994. ------. Reassembling the Social: an introduction to Actor-Network-Theory. New York: Oxford University Press, 2005. LEMOS, André. A comunicação das coisas: Teoria ator-rede e cibercultura. São Paulo: Annablume, 2013. TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo, porque as notícias são como são. Florianópolis, Insular, 2005. VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais: Elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Cosac e Naify, 2015. ------. Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation. In: Tipití, Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, vol. 2, 2004. Disponível em: <http://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol2/iss1/1>. Acesso em: 20 jan. 2020. WAGNER, Roy. A invenção da Cultura . São Paulo. Cosac Naify. 2010.

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Verbete: Comunicação pelo equívoco

A abordagem propõe um deslocamento da preocupação epistemológica, ou seja, do modus operandi do jornalismo, para uma preocupação ontológica, a maneira como o jornalista se coloca no mundo e como este ponto de vista o constitui, a partir do Equívoco, no encontro com o Outro.

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Nada mais próprio que o outro: conversações transespecíficas sobre jornalismo e universo com Ailton Krenak

Texto de Lara Linhalis Guimarães sobre um encontro com o líder indígena Aílton Krenak.

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O xamanismo como inspiração para novas formas de pensar o jornalismo

Entrevista de Lara Linhalis Guimarães, concedida a Pedro Varoni, para o site Observatório da Imprensa (Edição 1049, de 06 de agosto de 2019).

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Traduções - Ep.8 Fernando Resende - UFF

Traduções é uma série de lives realizada pelo Observatório jornalismo(S) Coordenação e apresentação: Lara Linhalis e Evandro Medeiros Artes e design gráfico: Elvis Rodrigues e Evandro Medeiros Direção de vídeo e transmissão: Elvis Rodrigues

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O telefone celular na rede-jornalismo: o conceito de equívoco e a invenção de uma teoria diferenciante

Artigo publicado na Revista Famecos (vol. 27, 2020) Autor: Evandro Medeiros Laia Resumo: A partir da Teoria Ator Rede e do método da Cartografia de Controvérsias (LATOUR, 2005; LEMOS, 2013), fazemos um mapeamento das mudanças agenciadas pelo telefone celular na rede-jornalismo, a partir de vivências etnográficas, durante as manifestações contra a realização da Copa do Mundo, no Rio de Janeiro, em 2014, e durante os protestos do movimento Black Lives Matter, em Nova Iorque, em 2015. A partir do material empírico, os conceitos de animismo e de tradução agenciam reflexões sobre o procedimento jornalístico, a partir da definição da notícia como uma tentativa de controlar o mundo ou, um tipo de controle coletivizante (WAGNER, 2010), que inventa o mundo a partir da redução da diferença. O contrário disso seria a invenção diferenciante, na qual a comunicação acontece pela diferença, em uma tradução-traição. Aventamos, então, a possibilidade de pensar um jornalismo em equívoco (VIVEIROS DE CASTRO, 2002, 2015), criando espaço para a proposta de uma teoria diferenciante do jornalismo.

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Jornalistas e xamãs: a performance na cosmologia ameríndia e a invenção de um jornalismo diferenciante

Artigo científico apresentado no XXVIII Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Porto Alegre, 2019) Autora: Lara Linhalis Guimarães Resumo: Jornalistas e xamãs se encontram na tarefa de traduzir mundos. O jornalismo, em seu viés de serviço prestado à sociedade por meio de empresas de comunicação, cresceu com o desenvolvimento capitalista; é filho da modernidade e dela herda valores atrelados a uma epistemologia objetivista: mais conheço quanto mais me afasto. Os xamãs, mestres do esquematismo cósmico, dedicam-se a realizar diálogos entres espécies diferentes de pessoas, prática amparada por uma cosmologia radicalmente relacional: conhecer é personificar, subjetivar. Por essa via, busca-se inspiração no xamanismo no desenho insurgente de um quadro epistemológico relacional, que auxilie jornalistas em sua tarefa de traduzir mundos.

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Traduções - Ep.2 Fabiana Moraes - UFPE

Traduções é uma série de lives realizada pelo Observatório jornalismo(S) Coordenação e apresentação: Lara Linhalis e Evandro Medeiros Artes e design gráfico: Elvis Rodrigues e Evandro Medeiros Direção de vídeo e transmissão: Elvis Rodrigues

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Jornalismos possíveis, mundos possíveis

Expressão desenhada pelos pesquisadores Evandro Medeiros Laia (Ufop-MG) e Lara Linhalis Guimarães (Ufop-MG) para amparar pensares e fazeres sobre jornalismo no plural.

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Traduções - Ep.1 Renzo Taddei - UNIFESP

Traduções é uma série de lives realizada pelo Observatório jornalismo(S) Coordenação e apresentação: Lara Linhalis e Evandro Medeiros Artes e design gráfico: Elvis Rodrigues e Evandro Medeiros Direção de vídeo e transmissão: Elvis Rodrigues

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