Nem verdadeiras nem falsas
Questionado sobre como filtrar o intenso fluxo de notícias diárias, o prêmio Nobel de Literatura José Saramago respondeu ao cineasta João Jardim no documentário Janela da Alma (Brasil, 2001): “Para conhecer as coisas, há que dar-lhes a volta”. Em poucas palavras, o escritor português apontou a necessidade de mirar um fato sob a perspectiva de uma lente macro. Contudo, na época da filmagem não estava em voga o conceito de fake news. Tampouco era um tema importante para leitores, espectadores, ouvintes e internautas. Segundo a professora Lucia Santaella, coordenadora do programa de pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), “a grande diferença agora é que passamos a sofrer os impactos de uma mudança de escala no acesso à informação que está se intensificando crescentemente em meio à avalanche ininterrupta de notícias que recebemos nesta era digital”. Ou seja, “nos novos contextos digitais de informação, a veracidade é socialmente construída a posteriori por meio de um processo democrático de participação colaborativa entre os próprios usuários da internet”, aponta o professor de Teoria da Opinião Pública na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) Massimo Di Felice, que participa do seminário Jornalismo: As Novas Configurações do Quarto Poder, neste mês, no Sesc Vila Mariana. Sobre este cenário, Santaella e Di Felice traçam análises e reflexões.
Teresa Neves
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